A última lembrança dela que me vem à mente, é de quão feliz estivera, enfiada naquele jeans preto e blusinha decotada, antes de embarcar naquele ônibus, fiquei perplexo ante o belo sorriso, que ainda acho, encobre uma imensa e profunda tristeza, o adeus furtivo aliado ao lindo sorriso e ao obscuro olhar me fizeram ficar em transe e por alguns segundos tive a impressão que o mundo inteiro havia parado, mas logo voltei ao normal, fiquei com o olhar perdido, zunindo lembranças adentro e rompendo minha imaginação! Dei um berro. Parecia que toda excitação possível saía pelos meus poros, eu ofegava e sorria, delirava.
Ela, uma loira jovem, bonita, de cabelos extremamente longos e propositadamente desgrenhados, ondulando um belo balanço, olhos redondos, bem desenhados e de uma “cinzentice – esverdeada” assustadoramente penosa, obscura e poética, ofertava sorrisos fartos, deixando à mostra toda sua enorme arcada dentária, era de fala fácil e uma simpatia fora de comum, sabia da voz e do silêncio, não extremamente extrovertida, tão pouco apática, dura em questionamentos e imposições e posições.
Lembro que o mês era agosto quando nos conhecemos, chamava-se Karen, e foi imediato! Sabíamos que deveríamos zarpar noite adentro e deslizamos dentro de bares de todos os tipos, nos arrastamos por ruas entristecidas, bebemos e sorrimos, fizemos da diversão uma coisa natural. Aquele encontro havia sido incrivelmente decisivo, pois mesmo sem termos falado, resolvemos que seríamos amigos pelo resto de nossas vidas, e cada momento que passávamos juntos se tornava único e inesperado e eu achava insuperável, mas logo vinha outro, tão emocionante quanto aquele, e assim a vida se desenrolava, enquanto a amizade se fazia.
Entre noites e dias, andamos a pé e de carro, dormimos em praias e varandas, provamos tragos e tomamos pileques, sempre rindo de rolar enquanto rolava um desvairado som! Desbravamos um mundo de sons e ruídos, viajamos curtindo rock e ventando pela noite litorânea “voacenta” do Rio Grande do Sul, cantamos, dançamos, rimos, choramos, discutimos... Sem tabus, preconceitos ou climas. Andamos pela beira da praia molhando os pés durante horas sem trocarmos uma só palavra, até o sol se pôr, e sentamos, permanecendo sentados até o dia amanhecer, ainda quietos.
Nos apreciamos sem aquela maldade que todos sempre viam, nem ligamos para as insinuações, fomos aquilo que tivemos que ser, nem mais nem menos, amigos e isto bastava, enquanto trocávamos insultos e rangíamos os dentes de raiva, ou simples como aquele abraço apertado e fiel, e confidente, ou duro como aquele olhar de reprovação. Aprendi com Karen que eu, um homem, podia sim ser amigo de uma linda garota, sem problema algum, só a beleza de uma amizade.
Ela embarcou, dez anos depois que nos conhecemos, igual a todo o fim de verão, subindo sem mais olhar para trás, apenas deixando guardada na memória uma série de boas lembranças e uma amizade de toda a vida, ainda lembro dos olhos nossos, melancólicos, cheios de lágrimas e enfrentando a dura e antipática missão de ter que dar adeus. Três anos, desde que vi aquele ônibus virar a esquina levando minha amiga de volta ao seu mundo. Ainda nos comunicamos seguidamente e fico muito feliz de saber que ela está bem, é muito divertido ver como ela se dá bem com minha namorada e eu com o namorado dela, ainda iremos aprontar muitas outras, juntos, eu com meu amor, ela com o amor dela, curtindo a melhor festa do mundo e celebrando a amizade.
Ela, uma loira jovem, bonita, de cabelos extremamente longos e propositadamente desgrenhados, ondulando um belo balanço, olhos redondos, bem desenhados e de uma “cinzentice – esverdeada” assustadoramente penosa, obscura e poética, ofertava sorrisos fartos, deixando à mostra toda sua enorme arcada dentária, era de fala fácil e uma simpatia fora de comum, sabia da voz e do silêncio, não extremamente extrovertida, tão pouco apática, dura em questionamentos e imposições e posições.
Lembro que o mês era agosto quando nos conhecemos, chamava-se Karen, e foi imediato! Sabíamos que deveríamos zarpar noite adentro e deslizamos dentro de bares de todos os tipos, nos arrastamos por ruas entristecidas, bebemos e sorrimos, fizemos da diversão uma coisa natural. Aquele encontro havia sido incrivelmente decisivo, pois mesmo sem termos falado, resolvemos que seríamos amigos pelo resto de nossas vidas, e cada momento que passávamos juntos se tornava único e inesperado e eu achava insuperável, mas logo vinha outro, tão emocionante quanto aquele, e assim a vida se desenrolava, enquanto a amizade se fazia.
Entre noites e dias, andamos a pé e de carro, dormimos em praias e varandas, provamos tragos e tomamos pileques, sempre rindo de rolar enquanto rolava um desvairado som! Desbravamos um mundo de sons e ruídos, viajamos curtindo rock e ventando pela noite litorânea “voacenta” do Rio Grande do Sul, cantamos, dançamos, rimos, choramos, discutimos... Sem tabus, preconceitos ou climas. Andamos pela beira da praia molhando os pés durante horas sem trocarmos uma só palavra, até o sol se pôr, e sentamos, permanecendo sentados até o dia amanhecer, ainda quietos.
Nos apreciamos sem aquela maldade que todos sempre viam, nem ligamos para as insinuações, fomos aquilo que tivemos que ser, nem mais nem menos, amigos e isto bastava, enquanto trocávamos insultos e rangíamos os dentes de raiva, ou simples como aquele abraço apertado e fiel, e confidente, ou duro como aquele olhar de reprovação. Aprendi com Karen que eu, um homem, podia sim ser amigo de uma linda garota, sem problema algum, só a beleza de uma amizade.
Ela embarcou, dez anos depois que nos conhecemos, igual a todo o fim de verão, subindo sem mais olhar para trás, apenas deixando guardada na memória uma série de boas lembranças e uma amizade de toda a vida, ainda lembro dos olhos nossos, melancólicos, cheios de lágrimas e enfrentando a dura e antipática missão de ter que dar adeus. Três anos, desde que vi aquele ônibus virar a esquina levando minha amiga de volta ao seu mundo. Ainda nos comunicamos seguidamente e fico muito feliz de saber que ela está bem, é muito divertido ver como ela se dá bem com minha namorada e eu com o namorado dela, ainda iremos aprontar muitas outras, juntos, eu com meu amor, ela com o amor dela, curtindo a melhor festa do mundo e celebrando a amizade.
05/09/2005.
4 comentários:
tem q ser muito evoluido pra manter um contato desses...eu não sou assim...mas tento..
Que conto de fadas...lindo, lindo. Uma narrativa envolvente.
abraços
Uma bela historia..
Tambem ja aconteceu comigo por duas vezes..é..a vida.
Abraços
Adoro teus contos! Meu amor vc escreve mto bem mesmo! parabens! bjs!
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